segunda-feira, 2 de junho de 2008

Aprendendo na prática

30 minutos no ponto de ônibus e mais uma vez vou chegar atrasada na faculdade.
Avisto o tal do transporte público chegando ao longe. Que felicidade! Ao menos vou entrar na segunda aula.
Abrem-se as portas e minha felicidade termina aí. Sinto-me observada por centenas de olhinhos que parecem me dizer: “Fica aí fora!”, “Mais uma pra me empurrar”, mas fazer o quê? É o jeito! Coloquem a culpa no governo!
Espremidos feito sardinhas, vamos assim por todo o percurso. Mas dentro desse enlatado tem sempre peixes variados e os que mais me incomodam são os típicos bacalhaus. Como fedem! Logo cedo já estão com as barbatanas levantadas exalando aquele mau cheiro.
Começa aquele empurra-empurra interminável, dois corpos ocupando o mesmo lugar ao mesmo tempo, puxões de cabelo, comentários levianos, pisões no pé, gritos no ouvido e gases tóxicos liberados ali, parece mais uma batalha.
Já reparou nas expressões das pessoas dentro de um ônibus? É só entrar em um para entender o motivo. É de dar dó! Suados, amassados, empurrados, sufocados, irritados, atrasados, preocupados, cansados, assaltados e é claro, motivados para mais uma jornada de trabalho.
Finalmente vou descer. Mas antes preciso chegar até a porta, uma tarefa árdua, tem sempre alguém empacado no meio do caminho.
Parada solicitada, porém não atendida. Motorista! Vou descer! Parada atendida, freada brusca não esperada. Foi aí que descobri que realmente a lei da inércia funciona! Valeu Newton!
Ufa! Consegui! Boa sorte para quem continua na peleja.
Olho mais uma vez com alegria para o ônibus, e noto a maior ironia que são os dizeres escritos no mesmo: “Transporte: Um direito do cidadão. Um dever do Estado”. Onde o mais correto seria: “Transporte: Desafiando as leis da ciência” ou algo parecido.